Por Alessandro Straccia
Na computação gráfica, a tipologia representa uma área vasta e importante. Desde a primeira prensa de tipos móveis de Guttemberg, lá pelos idos de 1400, o assunto vem evoluído até os dias atuais.
Escolher uma fonte para seu design é uma escolha séria e necessita de um estudo aprofundado em relação às sensações que você quer passar, tipo de material a ser utilizado, peculiaridades da mídia, etc.
Primeiramente, vamos apresentar os tipos de fonte e suas características:
Fontes Script
As fontes Script se aproximam da escrita humana, cursiva. Elas passam uma maior sensação de humanização. Algumas fontes Scripts são mais rebuscadas, sofisticadas, como aquelas que encontramos em diplomas ou certificados. Nesse caso, por serem elegantes, passam também uma sensação de sofisticação e bom gosto. Alguns exemplos:
Entretanto, por se tratarem de fontes mais rebuscadas, temos um certo problema de leitura. Elas demoram mais para serem lidas. Podem também ser utilizadas para reproduzir a escrita humana, como numa carta à mão livre, ou um rabisco no papel.
Fontes Serifadas
Chamamos de serifa os detalhes que encontramos nas extremidades das letras. São encontradas principalmente na imprensa, sendo que a mais famosa é conhecida como Times. Elas passam uma sensação de solidez, de verossimilhança. Dependendo da forma da fonte e da serifa, conseguimos também uma sensação de elegância e tradição.
Fontes Não-Serifadas
São fontes mais cruas, mais simples, como a que estamos utilizando neste texto. Sua principal característica é a facilidade e rapidez de leitura: a falta de serifas ou rebuscamentos tornam-na bem simples e eficiente.
No entanto, algumas fontes não-serifadas mais finas e com um formato diferenciado conseguem transmitir uma sensação de bom gosto e elegância. Temos o exemplo abaixo:
É o tipo de fonte ideal para utilizar quando necessitamos de uma leitura mais rápida ou à distância.
Fontes Fantasia
Sua característica em comum é justamente não ter muitas características em comum! São fontes que representam um tema, uma idéia, em sua própria forma. Podemos encontrar no tema “terror” por exemplo, fontes que suas bordas são “escorridas”, como sangue. Ou então em forma de balão de festa, e por aí vai. Por serem muito específicas, geralmente são de pouco uso nos materiais em geral. É importante que sejam utilizadas com cautela, pois dependendo do tipo de aplicação, fogem completamente ao tema. E outra: geralmente são de baixa leitura. Nem pense em escrever um texto inteiro com essas fontes!
Outros Tipos
Como o assunto é muito vasto, e podemos encontrar fontes de todo o tipo (você pode fazer a sua, se quiser!), teríamos que fazer um estudo muito mais aprofundado sobre o tema!
Fontes Symbol: não podemos considerar como um tipo específico de letra, pois não representam letras! Como o próprio nome diz, representam símbolos, notas musicais, desenhos, ícones, etc. Para o design em geral são importantíssimas, pois servem de referência para a construção de logotipos, criação de ícones e por aí vai.
Fontes Gothic: escrita gótica, são fontes muito rebuscadas e elegantes. Dão a sensação de tradição, de elegância. Sua leitura é muito baixa, cuidado!
Agora, vamos dividir em dois passos a escolha da tipologia.
1. Assunto/sensação
É a sensação que você quer passar, o tema que você está explorando. É necessário uma boa memória para lembrar das fontes (mas nada que o Mapa de Caracteres do Windows não resolva…!), e saber as características das fontes que serão utilizadas. Por exemplo, fontes serifadas (principalmente as da família Times) passam uma sensação de verossimilhança, enquanto fontes script passam uma sensação de humanização.
Procure fazer o seguinte: após analisar a sensação que você quer passar, abra a arte (ou design, ou tela, como preferir) no Photoshop ou no seu editor de imagens preferido. Escreva o texto necessário, e vá alterando as fontes, uma a uma, não deixando cada uma muito tempo na tela (talvez uns 3 segundos para cada esteja bom). Vá analisando as sensações que as mudanças causam em você. Anote os nomes das fontes que se encaixam melhor. Após escolher uns 5 tipos diferentes (ou até esgotar seu “estoque” de fontes), faça o mesmo, só que analisando mais detalhadamente cada fonte escolhida. No começo pode ser uma tarefa meio chata, mas com o tempo você irá se acostumar, e em 5 minutos já terá escolhido a fonte ideal; nada que um bom treino não ajude!
2. Tipo de mídia utilizada
Onde será “veiculada” a sua criação? Será um cartão de visitas, um panfleto, uma página de revista? Ou quem sabe um cartaz, um outdoor, ou até mesmo na internet? É muito importante escolher a fonte certa de acordo com o material a ser criado. Em materiais impressos não temos tantas ressalvas, pois se trata do meio mais difundido. Como o meio geralmente é opaco, não necessita de uma escolha muito específica de tipologia. Só devemos tomar cuidado com duas coisas:
- Tamanho da fonte: cuidado, fontes muito pequenas ou finas geralmente “borram” em papéis mais porosos (como o de jornal, por exemplo), além de dificultar muito a leitura.
- Textos muito extensos: além do tamanho da fonte, que deve dar uma leitura gostosa e não forçar a vista do leitor, tome cuidado com os espaçamentos entre as letras, palavras e parágrafos. É sempre bom colocar uma linha em branco entre cada parágrafo, para dar um descanso à vista do leitor. Artifícios visuais, como fotos, gráficos ou ícones também ajudam à deixar a leitura mais leve e mais prazerosa.
Para materiais como panfletos, folders, etc, a regra é a mesma, mas procure utilizar o tamanho das fontes para dar destaque às partes mais importantes do texto.
Cartazes, outdoors e materiais, cuja leitura será feita principalmente à distância: atenção ao tamanho e tipo de letra. Um cartaz escrito com uma fonte gothic dificilmente será lido à distância! Estudos dizem que um outdoor, para ser bem percebido, precisa chamar a atenção em 1 segundo, e ser lido em no máximo 6 segundos. Não adianta encher um outdoor de texto, pois ninguém conseguirá lê-lo no trânsito em apenas 6 segundos!
Por fim, temos os meios eletrônicos, como internet e TV. Nesses dois temos peculiaridades que vamos caracterizar abaixo:
- TV: meio de baixa resolução, geralmente os textos “pulam” na tela. Não é bom utilizar textos muito grandes ou com fonte muito pequena.
- Internet: por ser um meio mais informativo e de alta resolução que a TV (além do fato de estarmos sempre perto do monitor), podemos utilizar fontes menores.
Em ambos os meios, devemos atentar ao seguinte fato: o monitor de computador e a tela da TV são meios que emitem luz. Isso já força a vista naturalmente, bem mais que um meio opaco como uma página de revista, por exemplo. Por isso temos que tomar cuidado com textos muito grandes e sem “descanso”. Fontes não-serifadas também são muito utilizadas, por forçarem menos a vista. A fonte Verdana foi desenvolvida especialmente para o uso na internet, lembre-se disso ao formatar seu website!
E sempre vale a dica: use a tipologia com cautela. Aqui também vale a máxima: menos é mais. Não encha um texto com 274 tipos de fontes diferentes, provavelmente vai deixar o leitor zonzo com tanta informação visual diferente! Procure observar os anúncios, revistas, jornais (mas por favor, meios consagrados como Veja, IstoÉ, Folha, Estadão, etc… Está havendo um Boom de novas publicações, e muitas delas sem nenhuma noção visual!). Procure algo que se tenha a ver com o seu objetivo, e observe como foi feito, tente analisar o porquê da utilização de cada fonte. Não copie, utilize como referência apenas!
Esta também é importante: cuidado com os erros de português!! Gramática e concordância são importantíssimos para dar credibilidade ao seu texto. De que adianta um cartaz bem feito, com a tipologia bem aplicada, e um erro de português bem no slogan? É jogar seu trabalho por água abaixo!
Um bom local para achar diferentes tipos de fontes são os CD’s extra que vem com o Corel Draw ou outros programas de desenho. Uma procura básica no Google também pode te ajudar a achar fontes legais.