Mecanismos disponíveis para a avaliação de aprendizes através de computadores

Por Dalton Lopes Martins

1. INTRODUÇÃO

Avaliar, sob determinada visão pedagógica, é questionar e refletir sobre o processo de transmissão da informação e a forma como essa informação transforma-se em conhecimento. A computação e a ciência da informática trouxeram a automatização de vários processos técnicos, científicos e industriais. A questão em relevância no contexto desse artigo é de que forma a avaliação pode ser encarada como um processo, de que forma a computação pode se inserir nesse processo para automatiza-lo, através dos mecanismos de que dispomos hoje.

2. EMBASAMENTO

O levantamento bibliográfico para o embasamento deste artigo levou em consideração questões que pudessem levantar reflexões a respeito do processo da avaliação, em primeiro momento. A partir disto, quando esse processo foi melhor compreendido, passou-se a pesquisar a forma como a avaliação pode ser realizada através do uso de computadores. Tendo como referência temas como agentes, lógica fuzzy, bancos de dados e analisadores de lingüísticos, o resto dos artigos complementou a informação necessária nos temas acima citados.

3. OPINIÃO

Segundo o artigo “O processo de avaliação na educação à distância”, há várias formas diferentes de se enfocar a avaliação: tradicional (utiliza de verificação de curto prazo e prazo mais longo; punição e reforço positivo), tecnicista (avaliação de comportamentos observáveis e mensuráveis, controle de comportamento face a objetivos pré-estabelecidos), libertadora (a verificação direta da aprendizagem é desnecessária, pois a avaliação ocorre da prática vivenciada entre educador/educando e a auto-avaliação em termos de compromisso assumido com a prática social), progressista (a avaliação é realizada a qualquer momento, pois sua preocupação é diagnosticar falhas e valoriza outros instrumentos que não as provas). Dentro do contexto de cada uma das formas acima mencionadas, os computadores podem ser usados.

No entanto, antes de se partir para uma análise propriamente dita dos mecanismos disponíveis para a avaliação de aprendizes através dos computadores deve-se questionar o que se deseja avaliar. Em uma abordagem generalista, o artigo “Evaluation for distance educators” enumera uma série de pontos a serem observados a esse respeito: uso da tecnologia, formato das aulas, clima do curso, quantidade e qualidade da interação com outros estudantes e com o professor, conteúdo do curso, testes, serviços de suporte, realizações dos estudantes, atitude dos estudantes e o professor. Esses tópicos oferecem variadas métricas que podem se adaptar a diferentes visões pedagógicas a respeito do processo da avaliação, rompendo a barreira limitante da visão tradicional.

Algumas ferramentas que podem auxiliar no processo de obtenção e análise dessas métricas acima mencionadas são propostas nos artigos de embasamento. O artigo “Ferramentas de análise e acompanhamento de cursos” propõe uma técnica que analisa o log (arquivo de registro de acesso de páginas http) gerado automaticamente pelos servidores e realiza uma filtragem de onde é gerado um arquivo com as informações mais relevantes (identificação do usuário, data e hora da utilização e a página acessada). Dessa forma pode-se gerar um banco de dados e analisar as informações para se levantar características comportamentais do usuário em relação ao sistema.

Já em PEREIRA RODRIGUES (2000), propõe uma técnica de avaliação através de agentes, que podem interagir com o ambiente, comunicando-se com outros agentes, influenciando o comportamento dos mesmos, ou seja, possibilitando a mudança de estratégia ou metodologia de ensino, caso se perceba um baixo desempenho do estudante.

Dessa forma, o agente interage com as ações do estudante no sistema computacional e pode auxiliar na análise de vários quesitos que não podem ser diretamente medidos através de provas e testes tradicionais. Já em ZHOU (1999), é proposta uma técnica baseada em lógica fuzzy, que está ligada a análise de situações onde não há condições de contorno bem definidas para um conjunto de atividades ou observações, dando determinados pesos a certas ações previamente estabelecidas e obtendo-se uma métrica relativa a essa análise. Essas algumas das ferramentas propostas e que somente podem ser implementadas através do auxílio de computadores.

No artigo “O processo de avaliação na educação à distância” é mencionado alguns sistemas de avaliação na web. Vale a pena aqui citar alguns. CyberQ é um sistema onde tem-se a implementação de uma estratégia de avaliação multi-característica e multi-método de vários alunos e em diferentes níveis, agregando um grande número de informações para avaliações futuras. Carnegie Mellon University é um sistema baseado em bancos de dados, onde é armazenado todo o conteúdo do curso, através de informações declarativas, e processadas por um sistema genérico. WebCT é um sistema que tem a capacidade de registrar conversas em um banco de dados, permitindo o monitoramento dessa conversação; também permite gerar perguntas on-line que são feitas enquanto o aluno está acessando a página.

Todos esses sistemas agregam determinadas técnicas e tecnologias que permitem várias abordagens pedagógicas e praticamente contemplam todas os pontos sugeridos como métricas para a realização de uma avaliação completa do processo educativo, permitindo-se considerar diferentes perfis de estudantes, suas capacidades e limitações, possibilitando-se dessa forma que a avaliação fuja da estigma de um processo traumático para o estudante e se torne um mecanismo de construção efetivo do conhecimento.

4. CONTRA-POSIÇÃO

Em P. de SOUZA, é dito que um sistema de perguntas e respostas por computador deve ter suas respostas bem programadas, sem a menor chance de gerar dúvidas. Acredito que isso seja um ponto consideravelmente limitante do uso computador, não permitindo e abrindo espaço para a criação de padrões novos de resposta, tornando-se o processo algo mais mecanizado e padronizado do que se deveria esperar de uma avaliação completa do processo educativo.

5. BIBLIOGRAFIA

1. O processo de avaliação na educação à distância. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
2. Ferramenta de análise e acompanhamento de cursos. Projeto Sapiens, Unicamp, 2000.
3. Evaluation for Distances Educators. College of Engineering, University of Idaho.
4. P. DE SOUZA. A avaliação como prática pedagógica. Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior – ABEAS.
5. PEREIRA RODRIGUES, Alessandra, (2000). Agente avaliação de ensino e aprendizagem em EAD. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000.
6. ZHOU, Duanning, MA, Jian, QIJIA, Tian, KWOK, Ron C. W., (1999). Fuzzy group decision support system for project assessment. Proceedings of the 32nd Hawaii International Conference on System Sciences, 1999